A rebelião que deixou 56 presos mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, é uma das maiores matanças ocorridas em presídios brasileiros desde o massacre do Carandiru, em 1992. No total, 111 detentos foram mortos na Casa de Detenção, na Zona Norte de São Paulo.
O motim em Manaus começou na tarde de domingo (1º) e durou mais de 17 horas. Os mortos são integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e presos por estupro, segundo o secretário da Secretaria Pública do Amazonas, Sérgio Fontes. Inicialmente, o governo havia informado que o número de mortos era 60.
Veja abaixo a lista com alguns dos maiores massacres em presídios brasileiros.
Massacre do Carandiru
O Massacre do Carandiru, como ficou conhecida a ação da Polícia Militar (PM) para controlar uma rebelião no pavilhão 9 da Casa de Detenção, na Zona Norte de São Paulo, aconteceu no dia 2 de outubro de 1992 e deixou 111 presos mortos.
Uma briga entre grupos rivais de presos deu início à rebelião. O então comandante da Tropa de Choque da Polícia Militar (PM), coronel Ubiratan Guimarães, entrou na casa de detenção com seus comandados armados com fuzis, metralhadoras e revólveres para, em tese, controlar a situação.
Setenta e quatro policiais militares chegaram a ser considerados culpados, em primeira instância, pelas mortes de 77 das vítimas (os outros 34 presidiários teriam sido mortos pelos próprios colegas de celas). Em 2016, porém, a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo anulou os julgamentos dos policiais condenados.
Casa de Custódia de Benfica
Uma rebelião deixou 30 mortos na Casa de Custódia de Benfica, no Rio de Janeiro, em 2004. O movimento começou após uma tentativa de fuga em massa. Ao menos 14 prisioneiros fugiram e três foram resgatados. Os internos que não conseguiram fugir começaram a rebelião, tomando como reféns 26 pessoas, entre agentes penitenciários e policiais reformados que integravam uma cooperativa de vigilância. Os reféns foram liberados aos poucos.
Presídio de Urso Branco
O motim ocorreu no primeiro dia do ano de 2002, no que seria a maior e mais sangrenta rebelião registrada no Urso Branco, em Rondônia. Os presos de alguns pavilhões começaram a assassinar internos do chamado "Seguro", onde ficavam os que eram ameaçados de morte. Eles viraram reféns e foram registradas cenas de horror - presos eram mortos a golpes de chuchos (armas artesanais) e tinham cabeças e outras partes do corpo decepadas. Ao todo, 27 homens morreram.
Complexo Penitenciário de Pedrinhas
Uma rebelião deixou 18 mortos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, em 2010. Os cinco funcionários do sistema penitenciário passaram quase 30 horas em poder dos detentos.
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, a rebelião começou por descuido de um agente. "Eles estavam retirando o pessoal da cela e na hora o agente virou, não prestou atenção, ele avançou no agente e tomou a arma", disse João Bispo Serejo, secretário adjunto de Administração Penitenciária.
Depois de mais de um dia de motim, os rebelados pediram as presenças de uma juíza e de um religioso e, em seguida, entregaram as armas.
Ilha Anchieta, em Ubatuba
Mesmo tendo sido antes do Massacre de Carandiru, a mantança ocorrida durante uma rebelião na Ilha Anchieta, em Ubatuba (SP), em 1952, marcou a história dos motins nos presídios brasileiros. A revolta na Ilha Anchieta, que era conhecida como a "Alcatraz brasileira" em referência à famosa prisão americana que ficava em uma ilha, deixou 108 detentos e 10 funcionários mortos segundo os jornais da época.
A rebelião foi arquitetada durante um ano por um dos detentos. Os presos dominaram os funcionários da prisão e iniciaram a revolta, tomando o arsenal da polícia que ficava no local. O grupo planejava fugir da ilha, mas o motim saiu do controle. O número de mortos apenas foi superado com o massacre do Carandiru.