Ser homenageado é sempre bom, diz Silvio Santos sobre mostra no MIS



   Silvio Santos conta que, se aparecer num filme ou livro ou se der uma entrevista, morre no dia seguinte. O apresentador ouviu essa de uma vidente norte-americana e, para sorte de sua caravana de fãs e do Museu da Imagem e do Som (MIS), a profecia não inclui ser o protagonista de uma exposição.


Assim, a partir de quarta-feira (7), em São Paulo, começa no MIS “Silvio Santos Vem Aí!”, uma mostra de dois andares que retrata a carreira de um dos maiores comunicadores brasileiros de todos os tempos –além de apresentador, Silvio Santos, 85, é dono de diversas empresas, incluindo a rede de televisão SBT.







“O pessoal não acredita, mas eu sim. E não vou me arriscar. A cigana só falou de filme, livro e entrevista. Exposição, não”, explicou à Folha na terça (29), ao sair, penteadíssimo e de unhas irretocáveis, do salão do Jassa, seu fiel cabeleireiro nos Jardins.


HISTÓRIA


“Silvio Santos Vem Aí!” terá o tamanho de outras mostras de sucesso que a instituição já organizou, como as do músico David Bowie ou do cineasta Stanley Kubrick.


“Ao que se propôs, Silvio está nesse patamar. É o nome mais importante da televisão brasileira”, diz André Sturm, diretor do museu e futuro secretário municipal de Cultura da administração Doria.


Apelidado de “Patrão” ou “Homem do Baú”, Silvio acumula feitos como o de ter mantido programas em três emissoras ao mesmo tempo: TVS, Record e Tupi. Isso depois de deixar a Globo, nos anos 1970.


A partir da vida profissional de Silvio Santos –nome criado por Senor Abravanel quando disputava concursos nas rádios cariocas–, Sturm, a curadora Gabrielle Araújo e o cenógrafo Marcelo Jackow buscam contar a evolução da comunicação no país.


Silvio topou gravar algumas cenas para a ocasião. Esse vídeo foi transformado em uma espécie de projeção em três dimensões, que recepcionará os visitantes da mostra.


Deu carta branca para os idealizadores revirarem baús atrás de fotos, documentos, filmes e programas de TV.


A equipe do MIS resgatou raridades, como um áudio inédito do apresentador nos anos 1950, na Rádio Nacional. E seu único envolvimento como produtor na sétima arte: na chanchada “Ninguém Segura Essas Mulheres”, de 1976, com participação de Jece Valadão e Tony Ramos.








“Aahh, teve esse filme. Mas não estou atuando, não.” A mostra exibirá cenas do longa. “Vai ser bom visitar. Vou me lembrar de muita coisa.”


Detalhes da vida pessoal ficaram de fora da mostra, mas serão narrados em 2017, quando o jornalista Ricardo Valladares publica biografia do personagem.


PRETO E BRANCO


O passeio pela trajetória de Silvio Santos começa em uma reprodução da Cinelândia, região central do Rio, frequentada pelo jovem Senor. Segue para as locuções que ele fazia na balsa para Niterói, o sucesso na rádio, a mudança para São Paulo, a passagem para a TV com o “Boa Noite, Cinderela”.


A cenografia brinca com as épocas: todo o ambiente é em preto e branco até a chegada da transmissão a cores, no início dos anos 1970.


É aí que a exposição chega ao clímax e recria clássicos programas de auditório de Silvio Santos, exuberantes em brilhos, matizes e luzes.


Visitantes vão abrir as “Portas da Esperança”, adivinhar canções no “Qual É a Música?” e embarcar no foguete prateado do “Domingo no Parque” –aquele do “Você troca essa superbicicleta por um abridor de latas enferrujado? Siiiiiiiim” (veja vídeo abaixo).


“Foguete Prateado” de Silvio Santos


O orçamento ficou em R$ 3 milhões, ou 23 barras de ouro de um quilo –”que valem mais do que dinheiro”, como o apresentador curiosamente repetia ao anunciar alguns prêmios na TV.


Silvio fez duas exigências. A primeira: nada de recursos da Lei Rouanet (a mostra conseguiu dois patrocinadores sem redução fiscal).



A segunda: que o SBT não tivesse envolvimento com a curadoria. Pessoas próximas se limitaram a dar sugestões.


Algumas delas: incluir instalações em homenagem ao Bozo, ao Chaves (reprisado eternamente pelo canal), à “Casa dos Artistas” e ao “Show do Milhão”.


O homenageado sequer viu os planos da exposição. E avisou que não deve aparecer na abertura, mas não descartou visitar a mostra de surpresa.


Silvio Santos, talvez, venha aí: “Vai começar agora, dia 7 de dezembro. Qualquer hora vou lá”. Rarraêê.







PROCURA-SE TERNO


Um terno prateado usado por Silvio Santos no Carnaval de 2001, quando foi homenageado pela escola de samba carioca Tradição, sumiu sem deixar vestígios.


Foi visto pela última vez meses depois –em uma pequena exposição do Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio, que informa não estar com a peça.

O MIS paulista tentou rastrear a veste para a mostra sobre o apresentador que começa na quarta (7). Estavam otimistas. Informado pela Folha da busca, Silvio arregalou os olhos. “Estão quase achando? Puxa, que bom.” A recompensa a quem encontrar, segundo ele, ainda está de pé: R$ 3.500. Mas nada feito.


A busca por informações exigiu pesquisas exaustivas da curadoria, segundo Gabrielle Araújo. Tanto que o museu escalou reforços de “SBTistas”, apelidos dos megafãs do apresentador.


Como Alan Gomes e Levy Fioriti, que pesquisam a vida de Silvio por conta própria e são capazes de resolver qualquer mistério sobre o homem.

Menos onde está o terno prateado.

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O QUE VOCÊ VAI VER Mostra começa na quarta (7) no MIS


SILVIO EM 3D


Nova tecnologia mostrará o apresentador no local, recebendo os visitantes da exposição


AVIÕEZINHOS DE DINHEIRO


Origamis com notas estampadas com a cara de Silvio forram o teto de um ambiente do museu

PARAQUEDISTA
 

Retrospectiva apresenta lado pouco conhecido de SS: quando foi paraquedista do exército


FILME ESQUECIDO


Visitantes poderão ver trechos de filme produzido pelo empresário, uma chanchada de 1976


PERU QUE FALA


Nos anos 1950, ele estrelou turnês circenses com um ventríloquo. A trupe se chamava Caravana do Peru que Fala


MICROFONES

O equipamento que o prende à gravata, para deixar as mãos livres, virou um dos símbolos do apresentador. Também estará na exposição










@ 04/12/2016 | FONTE |

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