Assaltos assustam navegadores e turistas na Baía de Todos os Santos

Motos Aquáticas na Bahia de Todos os Santos
Não há policiamento ostensivo para impedir a ação de bandidos que estão invadindo as embarcações e saqueando passageiros e tripulantes


   Passear no mar da Baía de Todos os Santos, não tem sido muito prazeroso pra muitos donos de embarcações, vítimas de assaltos relatados através de redes sociais. Só no último fim de semana, o #AgoraNaBahia contabilizou dois assaltos desse tipo, que eram muito comuns na área.







Em um deles, o dono de uma lancha que saiu para passear no mar com a família e amigos, relata que estava parado perto da Marina de Itaparica, quando uma outra lancha com alguns rapazes encostou e disse que queria informação sobre rota de navegação.

Levando em conta que, por norma, todo navegante tem que ser solícito e nunca negar ajuda a quem precisa, o pessoal relaxou e permitiu que as embarcações ficassem lado a lado e foi neste momento que um dos homens apresentou uma arma.

Para desespero de todos, o homem acabou pulando para a outra embarcação e começou a recolher objetos como celulares, relógios, correntes de ouro, alianças, tudo enfim, que encontrou de valor, além do dinheiro, em torno de R$5 mil.

Ao perceber que o dono da lancha estava em uma cabine inferior, ainda sem saber o que estava se passando na área de cima, o ladrão o obrigou a subir e ficar deitado, mantendo ameaças e apontando a arma. O momento de maior tensão foi quando ele, antes de sair, apontou o revólver e tentou fazer dois disparos, mas a arma falhou. Mantendo a calma, o dono da lancha ofereceu ao assaltante o relógio de valor que usava em troca dele ir embora.

A lancha acabou indo embora e deixou, além do prejuízo, um clima de tensão entre todos que estavam curtindo momentos na confraternização de fim de ano.
“Foi ruim esse clima, todos estavam relaxados e tivemos que retornar pra casa pois ninguém tinha condição de seguir passeando”, disse um dos passageiros, assustado.








Através de redes sociais, há relatos, também de assaltos a lanchas na área que fica perto de Barra do Paraguaçu, onde muitos baianos e turistas param para curtir a tranquilidade das águas, no local onde o Rio Paraguaçu despeja no mar. “Se a gente se afasta um pouco e fica fora do grupo, pode ser assaltado como aconteceu com um amigo que estava com a família e, de repente, apareceram uns caras pra levar tudo”, diz J.R.A., que não quer ter o nome revelado, pois teme pela própria segurança.

Ele reclama que não vê policiamento enquanto navega. “A Capitania dos Portos para a gente em um monte de lugar pra pedir documento e saber se a embarcação tá com colete e tudo, mas não fiscaliza se tem arma”, diz ele.

O #AgoraNaBahia consultou a Capitania dos Portos e confirmou que a missão da Marinha não incluiu esse tipo de fiscalização. Agindo para garantir a segurança da navegação, os agentes da Capitania dos Portos só observam mesmo se o piloto é habilitado e se a embarcação está com os documentos em dia, além de equipada com itens de segurança como coletes salva-vidas.

Por todos os pontos por onde o #AgoraNaBahia circulou na Baía de Todos os Santos, encontrou algum tipo de queixa em relação à insegurança. Frequentadores da chamada Prainha de Aratu, bem ao lado do Porto de Aratu, também reclamam que é preciso ter cuidado com as surpresas que ocorrem na areia da praia.

“Se alguém se aventura a vir aqui durante a semana, melhor não parar pra ficar na areia, pois aparecem pessoas saindo desse matagal, assaltam e vão embora. A gente não tem a quem reclamar”, diz outro navegante que costuma parar no local com uma moto aquática. “Combinei que só venho aqui com um grupo de amigos”, completa.

Ouvimos também relatos de frequentadores de um restaurante da Ilha de Maré que fica à beira do mar e muito frequentado por pilotos de motoaquáticas. “Todo mundo estava comendo moqueca e de repente dois caras armados apareceram e levaram celular e bolsa com documentos de alguns que estavam aqui. Eles apareceram da ilha mesmo e devem ser moradores, mas ninguém foi tentar recuperar pois a gente não sabia o que poderia nos aguardar nas ruas do fundo”, disse um piloto, que é engenheiro civil e costuma ir ao local.








Mas ainda que a história de violência na Baía de Todos os Santos esteja se espalhando nas redes sociais através dos grupos que costumam se organizar em passeios, tem gente que ainda não está acostumado copm a violência dos assaltos.

O piloto de motoaquática e de lanchas A.B.P, de 43 anos, diz que costuma sair para pescar nos dias de folga e como é servidor público, sempre tem essa chance no meio da semana quando o movimento de embarcações é menor. Ele confessa que tem medo e fica preocupado com a segurança. “Na verdade tenho medo mas nunca tomo alguns cuidados, pois vou relaxar com amigos, pescar, me divertir um pouco e se ficar com essa paranóia a gente não sai de casa”, diz ele.

Ainda assim, ele sabe os locais onde há maior risco de assalto, de acordo com os relatos de outros que já enfrentaram problemas: “Ilha de Maré, Prainha de Aratu e Itaparica são os pontos onde todo mundo tá assustado”.

A Polícia Militar não faz policiamento ostensivo de forma regular, no mar, mesmo que seja essa atribuição seja da instituição. De acordo com um oficial da PM, existe uma lancha fazendo policiamento em trechos específicos da Ilha de Itaparica, por causa da concentração de pessoas.

Aliás, foi lá na Ilha de Itaparica onde um casal de franceses foi assaltado e espancado. Jean Maxime, 62 anos, e a mulher dele Michelle Caudra foram surpreendidos por dois ladrões que roubaram dois relógios, dois notebooks, dois celulares e cerca de R$20 mil em espécie, quando estavam em um barco na Marina de Itaparica. Os ladrões estavam fortemente armados.

Depois desse episódio, é possível, eventualmente, ver policiamento em uma lancha, mas apenas nas proximidades de onde fica a concentração maior de embarcações e de pessoas.

Esse mesmo tipo de policiamento existe em uma praia de Candeias, depois do registro de risco para frequentadores do local. “O problema é que os ladrões sabem dessa limitação da PM e por isso não aparecem onde eles estão”, diz Ruy Cruz, o único entrevistado que não se importou em ter o nome revelado.

A reportagem constatou, também, que a Companhia de Policiamento de Proteção Ambiental(COPPA), da Polícia Militar, também dispõe de lancha, mas trabalha com fim específico de fiscalizar crimes ambientais, mesmo não sendo comum estar circulando pela Baía de Todos os Santos. “Mas se for necessário o grupo vai fazer a patrulha”, diz um oficial.

Por enquanto, não há nenhum tipo de projeto previsto para fortalecer o policiamento na Baía de Todos os Santos, uma das áreas mais frequentadas por baianos e turistas de todo o mundo e por onde circulam centenas de embarcações todos os dias, além de navios que transportam cargas valiosas com destino aos vários portos instalados na área.

Sabendo da fragilidade, assaltantes estão de olho em embarcações de alto luxo que não param de sair das diversas marinas instaladas nos 1233 km² de mar. O jeito, então, é sair pra passear e contar com a sorte para não ser mais uma vítima.















@ 06/01/2017 | FONTE |

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