Familiares de PMs barram a saída de carros de polícia da 2ª Companhia do 6º Batalhão da Polícia Militar, em Serra (ES) |
O governo federal confirmou o envio de 200 agentes da Força Nacional de Segurança para Vitória, ainda nesta segunda-feira (6). O Espírito Santo sofre com a falta de policiamento há pelo menos três dias, desde o início dos protestos de familiares dos agentes, que impedem sua atuação nas ruas. Ao menos 52 homicídios foram registrados no período, segundo o Sindipol (Sindicato dos Policiais Civis) do Espírito Santo; o governo estadual ainda não divulgou o levantamento oficial.
Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o reforço deve chegar à cidade no início da noite de hoje. Desde domingo (5), o ministro Alexandre de Moraes vem acompanhamento o problema na cidade. Conversou com o secretário estadual de Segurança Pública, André Garcia, e com o governador em exercício do Espírito Santo. A informação já havia sido divulgada pelo pelo secretário em entrevista a rádios.
O presidente Michel Temer também autorizou o envio de tropas das Forças Armadas "para garantir a lei e a ordem". O ministro da Defesa, Raul Jungmann, chegará a Vitória no fim da tarde desta segunda-feira acompanhar a crise na segurança.
Desde a noite de sexta-feira (3), familiares e amigos de policiais militares estão realizando manifestações em ao menos 30 cidades do Espírito Santo, impedindo a saída das viaturas para as ruas e afetando a segurança desses municípios. O movimento que afeta o policiamento no Espírito Santo foi declarado ilegal pela Justiça. As associações que representam os policiais deverão pagar multa de R$ 100 mil caso a decisão seja descumprida.
A ASC (Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar) do Espírito disse ao UOL que o sindicato não tem relação com o movimento, que é promovido por familiares dos policiais.
Em entrevista à rádio BandNews FM, Garcia disse que a Força Nacional vai fazer o policiamento das ruas e as Forças Armadas vão trabalhar na "garantia do emprego e da ordem", disse, sem saber o horário em que os agentes estarão à sua disposição.
Sem negociação
O secretário reforçou que as negociações com os policiais, diante das reivindicações de reajuste salarial e melhores condições de trabalho, serão feitas apenas quando o policiamento na rua for retomado e a situação estiver controlada. "Assim que retornar a normalidade, o governo vai manter as portas abertas, como sempre o fez", afirmou à rádio Estadão.
Sem policiamento, o secretário confirmou que houve aumento no número de mortes nas ruas. "Não fechamos ainda os números porque a prioridade agora é outra. Mas temos um aumento no número de homicídios no Estado nos últimos três dias. Não há como negar isso".
Na manhã desta segunda-feira, a prefeitura de Vitória, capital do Estado, suspendeu o funcionamento das escolas municipais --tanto no turno matutino quanto vespertino--, parques municipais, e de todas as unidades de saúde por causa do protesto. A administração também cancelou o expediente nas repartições municipais. A circulação dos ônibus também será afetada a partir do final desta tarde.
Em nota, o prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS), disse que está em contato, desde a noite de domingo (5), com o ministro da Defesae pediu celeridade e apoio do governo federal. "Para segurança dos servidores, população e das famílias, peço a compreensão de todos pois estamos suspendendo as atividades no dia de hoje. Pedimos para que as pessoas se mantenham conectadas aos comunicados oficiais dos poderes públicos nesta segunda".