Obama tem várias opções para ocupar tempo livre assim que deixar a Casa Branca |
Dedicar-se a escrever livros e dar palestras, ser dono de uma equipe da NBA (liga americana de basquete), tornar-se um ativista em defesa do meio ambiente ou aceitar o trabalho oferecido pelo Spotify.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tem várias opções para ocupar o tempo livre depois de entregar as chaves da Casa Branca no próximo dia 20 de janeiro.
Obama deu algumas pistas do que fará, mas o que se sabe com certeza até agora é que não se mudará para muito longe.
Apenas 20 quadras separam a Casa Branca de sua nova casa em Washington.
A família Obama não quer sair da capital americana para que Sasha, a filha caçula do presidente americano, não mude de escola.
Pelo menos até 2018 - quando a adolescente de 14 anos deve concluir o Ensino Médio, o futuro ex-presidente dos Estados Unidos viverá no elegante, exclusivo e caro bairro de Kalorama.
Antes de Obama, viveram ali os ex-presidentes americanos Woodrow Wilson, William Howard Taft, Warren Harding, Franklin D. Roosevelt e Herbert Hoover.
Novos vizinhos
Ao passear pelo bairro, Obama também poderá cruzar com figuras de destaque do Partido Democrata, como o ex-congressista Bart Gordon, ou juízes da Suprema Corte.
"Acho que foi uma decisão acertada dele mudar-se para cá. Eles estarão rodeados de uma porção de gente que continua sendo politicamente ativa", afirmou Susan Harreld, moradora de Kalorama que vive perto da futura casa dos Obamas.
"É um bairro muito familiar, o que é ideal para Sasha, mas também muito privado", completou ela.
A nova casa de Barack e Michelle Obama tem nove quartos, oito banheiros e é avaliada em US$ 6 milhões (R$ 19 milhões).
A família vai alugar o imóvel de Joe Lockhart, ex-secretário de imprensa do ex-presidente Bill Clinton, que mora em Nova York.
Coincidentemente, uma das vizinhas de Obama será nada menos do que a filha de seu substituto.
Ivanka Trump comprou uma casa em Kalorama em dezembro, pouco antes da posse de seu pai.
Ela viverá ali com seu marido, Jared Kushner, futuro assessor presidencial de Trump.
Trabalho paralelo
A mudança de endereço não será a única na vida de Obama.
Além de ter menos responsabilidades, ele poderá continuar o caminho de seus antecessores e dedicar-se a escrever (e vender) livros e dar palestras.
Entre suas opções, também estão abrir uma fundação para impulsionar causas de seu interesse ou administrar sua futura biblioteca presidencial, que será instalada em Chicago.
Obama ainda não falou sobre o que fará com todo o tempo livre que terá a partir de 20 de janeiro, mas adiantou alguns detalhes.
"Voltarei a fazer o tipo de trabalho que estava fazendo antes", disse ele a um grupo de estudantes do Ensino Médio em 2015, quando se referiu ao fim de seu período como presidente dos EUA.
"Ajudar os jovens a se educarem, ajudar as pessoas a conseguir trabalho e tratar de levar negócios a bairros que não tem oportunidades suficientes de fazer negócios. Esse é o tipo de trabalho que realmente me encanta fazer", afirmou.
Antes e durante seu mandato, Obama tomou partido a favor de minorias nos Estados Unidos, advogou por um maior controle sobre a posse de armas, e impulsionou um acordo global sobre mudança climática, entre várias outras causas.
Agora que deixará a Casa Branca, poderá converter qualquer um desses temas em sua bandeira de luta como ativista.
Exatamente como fizeram os ex-presidentes americanos Jimmy Carter, promovendo causas relacionadas à democracia e à paz, ou Bill Clinton, que de sua fundação incentiva planos para prevenir doenças de transmissão sexual e envia ajuda humanitária a lugares onde acontecem desastres naturais.
"O bom de ser ex-presidente é que, enquanto renuncia ao poder formal, conserva o prestígio do cargo", explicou Mark Updegrove, autor do livro Second Acts: Presidential Lives And Legacies After The White House ("Segundos atos: Vidas presidenciais e Legados depois da Casa Branca"), em entrevista recente ao site de notícias USA Today.
"E não é mais preciso reagir a todos os eventos que acontecem no mundo. Pode realmente focar em sua agenda própria", acrescentou.
Retorno ao direito?
Em várias das entrevistas nas quais se referiu à vida após 20 de janeiro de 2017, Obama confessou que não gostaria de voltar a exercer o direito (ele era advogado antes de entrar para a política e foi assim que conheceu Michelle), mas adoraria ter sua própria equipe na NBA.
Parece uma brincadeira, mas é verdade.
"Não acredito que tenha paciência para sentar em uma sala e escrever opiniões. Acredito que ser juiz é um pouco monástico para mim, especialmente depois depois de ter passado oito anos nessa bolha. Tenho de sair dela um pouco mais", disse à revista americana The New Yorker em 2014.
Neste sentido, a possibilidade de ser sócio de uma equipe da NBA parece muito mais atrativa para o futuro ex-presidente americano.
"Fiquei fantasiando sobre poder formar uma equipe e o quão divertido isso seria. Acho que seria genial", disse ele em 2015, admitindo que seria muito difícil que o dono do time para o qual torce, o Chicago Bulls, aceitasse algum tipo de sociedade.
Além do basquete, outra paixão de Obama é ensinar.
"Adoro ensinar. Sinto falta de dar aulas e interagir com os estudantes", admitiu.
Por outro lado, se ele preferir uma opção mais extravagante, a oferta de trabalho do Spotify - um serviço de música comercial em streaming - para ser "presidente das listas de reprodução" também está de pé.
Ócio
E se quiser não fazer nada?
Obama também pode escolher viver de renda.
Como ex-presidente dos Estados Unidos, ele ganhará um salário vitalício (cerca de US$ 200 mil ou R$ 640 mil por ano) além de assistência médica privada e segurança 24 horas.
Também terá direito a US$ 100 mil (R$ 320 mil) por ano para pagar funcionários pessoais e postagem gratuita.
Além disso, Obama já recebe milhões de dólares em direitos autorais pelos três livros que escreveu.
Segundo sua declaração de imposto de renda, desde 2005, ele já ganhou US$ 15 milhões apenas com a venda de suas obras.
Acredita-se que suas regalias aumentem uma vez que ele deixe a Casa Branca.
Além disso, já é público que ele tem um contrato com a editora Random House para escrever um novo livro de não ficção assim que deixar a Presidência.
Também pode aproveitar-se do seu dom de orador e dedicar-se a dar palestras ao redor do mundo, algo que seu colega Bill Clinton costuma fazer cobrando muito bem por isso.
Obama 2021?
Segundo a Constituição dos Estados Unidos, ex-presidentes não podem cumprir um terceiro mandato, mesmo que não consecutivo.
Mas não há impedimento legal quanto a outros cargos do Executivo ou do Legislativo.
Na história do país, só dois ex-presidentes voltaram à vida política depois de deixarem a Casa Branca. Foram eles John Quincy Adams, eleito para a Câmara dos Representantes, e Andrew Johnson, para o Senado.
A possibilidade, no entanto, permanece aberta para Michelle - e muitos integrantes do Partido Democrata já defendem sua candidatura.
Mas ela já declarou que não pretende concorrer à Presidência.