A Igreja Universal do Reino de Deus deve pagar à Record por volta de R$ 575 milhões em 2016, pela compra da faixa horária da emissora nas madrugadas de segunda a domingo.
Trata-se de um valor 139,58% maior que o estimado exatos dez anos atrás, em 2006, quando a igreja desembolsou cerca de R$ 240 milhões pela mesma faixa diária de aproximadamente seis horas.
No mesmo período a inflação segundo o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) foi de 96,34%.
Procurada, a Universal, por meio de sua assessoria, se recusou a comentar os dados obtidos pela coluna.
A alegação foi que, no contrato entre igreja e emissora, há cláusulas de confidencialidade. A Record também não se manifestou.
O custo da “compra” do horário pela Universal vem crescendo de forma constante há dez anos. Veja uma estimativa nesse período:
2006 – R$ 240 milhões
2011 – R$ 480 milhões
2013 – R$ 500 milhões
2015 – R$ 535 milhões
2016 – R$ 575 milhões (estimativa)
Os R$ 575 milhões da Universal representam aproximadamente 28,7% do faturamento total da Record (cerca de R$ 2 bilhões) este ano.
Cabe lembrar que, pela legislação vigente, não há nenhuma irregularidade na negociação entre igreja e emissora, ainda que sejam ligadas umbilicalmente (o líder da igreja, Edir Macedo, é o principal acionista da emissora).
Grosso modo, na comparação entre pessoas jurídicas, a relação comercial entre a Universal e a Record é semelhante à que ocorre entre as empresas do Grupo Silvio Santos e o SBT.
Fontes do mercado (ouvidas sob sigilo) estimaram à coluna que o Grupo SS (Jequiti, Baú, Tele Sena, doces Mister Bey etc) deverá gastar pelo menos R$ 250 milhões com publicidade no SBT este ano.
Ou seja, o gasto total do Grupo representa cerca de 29% do faturamento total do SBT este ano..
RedeTV!, Band e Gazeta também são emissoras que garante seu caixa com dinheiro oriundo de igrejas evangélicas, que compram faixas da programação.
A Universal é a principal “compradora” de horários em emissoras no país. Recentemente ela começou a comprar publicidade inclusive em afiliadas da Globo.
UM QUINTO DA PROGRAMAÇÃO
Embora haja muitas críticas a esse comércio de horários, não existe uma legislação (atualizada) e muito menos qualquer fiscalização que oriente essa relação.
Segundo levantamento feito por esta coluna em junho, por volta de uma em cada cinco horas da TV aberta brasileira hoje é ocupada por programação religiosa.
Projetos que coibem ou mesmo proíbem a venda e o comércio de faixas horárias entre terceiros e emissoras abertas estão em andamento no Congresso, porém nunca evoluem graças à união e boicote sistemáticos da chamada “bancada evangélica”.